Médicos Colonizando a Cura com Suplementos nas Mídias Sociais

 

Fonte: You Tube                                                                                                                                            

Não é difícil encontrar médicos no Facebook vendendo fórmulas milagrosas de suplementos para o tratamento de doenças  da próstata, diabetes e outras, através de um marketing e publicidades vergonhosos, sem a devida comprovação científica dos que estudam as plantas medicinais, mencionadas apenas de passagem pelos que reforçam a colonização da cura. 

Em geral começam fazendo um ataque à indústria farmacêutica por venderem medicamentos que acarretam sérios efeitos colaterais, enfatizando que seus suplementos são de produtos naturais. Acontece que produtos naturais podem também acarretar efeitos colaterais, se usados de forma descontrolada.

Enchem a boca usando o nome de Harvard, que nem sempre tratam de determinados assuntos em suas pesquisas e muitas vezes confirmam o contrário de suas publicidades. Por outro lado, não citam a atualização das pesquisas sobre o tema de seus suplementos, pois o que importa é o marketing e a venda de suplementos, sem comprovação científica.

Pode até ser legal a publicidade de certos suplementos, mas do ponto de vista ético e moral precisam ser avaliados, até porque os códigos de ética médica definem certos limites da prática médica. No caso do uso de plantas medicinais, é preciso se dá o crédito aos profissionais de nutrição, bioquímico e outros pelas pesquisas sobre os componentes destas plantas.

Recente investigação da indústria de suplementos farmacêuticos por parte da Anvisa nos mostra um verdadeiro caso de polícia.  Os resultados são preocupantes, considerando que dois terços dos suplementos avaliados  pela Anvisa, ou seja, 65% dos suplementos expõem fragilidades gritantes de controle sanitário em um mercado que movimenta bilhões de reais por ano. 

Vale mencionar que existem, também, médicos e outros profissionais de saúde nas mídias sociais descolonizando a cura, merecendo todo o respeito da sociedade, por trazerem ensinamentos que podem aliviar o sofrimento de muitos no tratamento de algumas doenças.  

Essa descolonização da cura de doenças se dá através da integração do conhecimento biomédico com o conhecimento tradicional, que não deve ser alcançado de forma simplista, mas reconhecendo os desafios desta integração. A experiencia da descolonização da cura em países africanos, Canadá, Índia e muitos outros deve ser considerada.

Já foi dito que as práticas de Educação em Saúde no Brasil vêm de uma tradição autoritária e vertical que se “situa como legado da herança colonial que permanece viva e pujante”. Foi este legado do domínio colonial que permeou todos os aspectos da vida e contribuiu para a desigualdade na assistência médica e em várias outras áreas, com as gerações mais novas clamando por justiça social.

Só através de uma educação apropriada no ensino básico, fundamental e universitário é possível se desenvolver atitudes de respeito, de preservação ambiental, melhoria dos serviços de saúde, combate às desigualdades, incluindo o racismo, e de reflexão sobre os problemas locais, regionais e globais, propondo soluções para suas causas.

Neste caso, não podemos deixar de estudar a colonização da estrutura médico-farmacêutica e a colonização da estrutura da indústria de suplementos , sobretudo em termos da supressão do conhecimento indígena na cura de doença e do conhecimento da população negra escravizada, além do conhecimento de outras gerações.

No Brasil, é riquíssimo o uso de plantas medicinais em curas de doenças. Mesmo assim, sabemos da desconexão do ensino médico nas escolas de medicina  e o conhecimento tradicional das plantas medicinais. É até desrespeitoso desprezar este conhecimento. Muitas vezes se vai à farmácia comprar um medicamento, quando uma planta de seu quintal resolve seu problema.

Portanto, diante da desconexão acima citada e a preferência pela colonização, alguns preferem criar um suplemento de cura do que enfatizar a importância das plantas e alimentos para a saúde. Ainda bem que já existem concepções vinculando saúde, ecologia e economia política com abordagens convergentes da saúde humana, da saúde animal e da saúde dos ecossistemas, a exemplo da Saúde Única (One Health).

Infelizmente, para reforçar nosso legado colonial, temos tanto uma indústria farmacêutica quanto uma indústria de suplementos farmacêuticos avarentas que nos faz lembrar o que disse o cientista e Prêmio Nobel de Medicina, professor Richard Roberts: capitalismo e cuidados de saúde não se misturam. Para ele, a pesquisa em saúde humana não pode depender apenas de sua lucratividade econômica. O que é bom para os lucros corporativos nem sempre é bom para as pessoas.

Assim sendo, estamos falando de uma indústria que quer servir aos mercados de capitais e se você pensa apenas em lucros pare de se preocupar em servir aos seres humanos, disse o Professor Richard Roberts.

Já existem educadores médicos pensando em maneiras de descolonizar a educação e a cura de doenças, formando médicos que possam atender às necessidades complexas de populações diversas.


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